Este livro contém as memórias de um sobrevivente do Holocausto. É o relato, minucioso, emocionado, tocante, da história de Samuel Rozenberg, hoje um respeitado médico cardiologista do Rio de Janeiro. Nascido na Bélgica, filho de judeus poloneses, Samuel viveu sua infância em plena Segunda Guerra Mundial, à qual sobreviveu graças à ajuda humanitária (e heróica) de algumas pessoas, que se sentiram no dever moral de se opor à barbárie nazista. “Graças ao patriotismo de abnegados cidadãos belgas que arriscaram a própria vida, lutando não só contra o agressor alemão, mas também contra os colaboradores do regime nazista, foram salvos 20.000 judeus”, escreve Rozenberg, “entre estes 3 mil, inclusive eu, que estou aqui para testemunhar o que aconteceu naqueles anos fatídicos.” Para que isso pudesse acontecer, Samuel foi acolhido pelo casal Lea e Maurice Piérart, que o “adotaram” com o nome cristão “Paul Allain” e assim salvaram a sua vida e, por conseqüência, beneficiaram os milhares de pacientes cariocas mais tarde atendidos por ele. Mas tarde receberam, a pedido do próprio “Paul Allain”, a medalha de “Justo entre as nações”, conferida pelo Museu do Holocausto, em Jerusalém, àqueles que se destacaram por salvar vidas judaicas. Este livro traz histórias de perseguições, privações e ameaças. Mas também histórias de solidariedade, ternura e valentia: uma confirmação de que, se o homem é o lobo do homem, também pode ser o irmão, o amigo fraterno, o salvador de seu semelhante.