"Trajetórias judaicas foi pensado e escrito para compartilhar narrativas de diversas áreas do conhecimento que compõem o campo dos Estudos Judaicos.
Pensar as trajetórias judaicas envolve história, tradição e língua. Do ponto de vista religioso, há judeus ortodoxos, conservacionistas e reformistas, e cada uma dessas correntes tem formas diversas de compreender e expressar o judaísmo. E judeus ateus. Do ponto de vista histórico, há judeus asquenazitas, procedentes do Leste Europeu e da Europa Central; e judeus sefaraditas, que vieram da Península Ibérica, África e Ásia. Do ponto de vista político, há judeus com diferentes posições, histórias de migração e de perseguição nos seus países de origem. Nesses deslocamentos, houve encontro de línguas cuja riqueza se expressa na música, na literatura e em textos religiosos: a língua portuguesa do Brasil que os acolheu; a língua nacional do país de origem; o Yiddish, falado, cantado e escrito originalmente por judeus asquenazitas; o Ladino, por judeus sefaraditas e o Hebraico Moderno, que se tornou falado no Estado de Israel. Do ponto de vista ético – nosso compromisso maior –, os textos visam favorecer a reflexão sobre a presença dos judeus em diferentes cenários, em particular no Brasil.
O livro visa que leitores e leitoras possam levantar perguntas, conhecer a história e a produção cultural judaica em diversos contextos, ouvir canções de vários tipos e tempos, nas diferentes línguas faladas pelos judeus nas mais diversas partes do mundo, se questionar, repensar as práticas em instituições educacionais e culturais. Nas travessias aqui relatadas se misturam o samba, a música klezmer, o chorinho ou niguns (cantos místicos repetitivos que, como os mantras, convidam à introspecção, à conexão, ao vínculo). Nas Trajetórias, ouvem-se ecos de uma profunda tristeza a partir de contextos e tempos dos locais de origem, em que os judeus foram perseguidos, expulsos, tiveram suas famílias dilaceradas, pelos pogroms (violentos ataques contra populações judaicas em cidades da Rússia e outros países do Leste Europeu), pelo nazismo, pelo czarismo e pelo totalitarismo soviético. Mas nelas podem ser escutados também relatos de lutas, movimentos, experiências e ideias, expressando a alegria da reconstrução de suas vidas e identidades nos países em que se enraizaram.
Que o livro funcione como um referencial que estimule a curiosidade e a criatividade de cada um que, ao lê-lo, monte, desmonte e remonte seu conteúdo e faça crescer sua experiência de vida!”